sábado, 6 de abril de 2013

Transporte Público - Por que as passagens sobem?

Dia 28 de março um protesto violento eclodiu em Porto Alegre contra o aumento das passagens de ônibus. Ele foi precedido - e sucedido - por diversas outras manifestações pacíficas. No cerne deste movimento está um repúdio não apenas ao valor corrente das passagens, mas à situação do transporte público.
O Discutindo Porto Alegre publicará uma série de artigos sobre o problema do transporte público de Porto Alegre. A questão será abordada sob diversos pontos: jargões da área, como o custo da passagem é calculado, simulações de alternativas, a falácia do crescimento dos isentos, entre outros. A abordagem será qualitativa e quantitativa, resultado de um trabalho exaustivo de análise de dados fornecidos pela EPTC, pela Prefeitura e por outras fontes. 

Hoje - Por que as passagens sobem?

Custos e demandas são muito interessantes, mas o que o passageiro sente no bolso é o valor da passagem. E ela tem subido muito, bastante acima da inflação. Este é um fenômeno apenas portoalegrense? Quais as causas deste fenômeno?

Evolução das Tarifas

A própria EPTC reconhece o problema da inflação das passagens! Em sua revista Transporte em Números, a primeira parte dos dados falam apenas sobre isto, tentando desesperadamente colocar o problema em perspectiva. Comparações com insumos, salário mínimo, pulso telefônica (algo pré-histórico!), etc.

Vamos começar analisando estes dados isoladamente. Como Foi a evolução de Porto Alegre. O gráfico abaixo (extraído da revista citada acima), apresenta os dados da variação do preço da passagem, comparados com os principais indicadores de inflação - IGP-M e IPCA. Fica claro que o aumento é muito superior a inflação.

Em uma segunda abordagem, a EPTC analisa os custos. A tabela abaixo (editada, mas igualmente extraída da revista) apresenta os dados de alguns insumos relevantes. Note que, de fato, pneus e combustíveis sobem acima do valor da tarifa. Entretanto, estes itens correspondem a menos de 17% do total dos custos. A variação do preço do veículo (21% dos custos) é 35 pontos percentuais inferior. Já o valor dos salários (45% dos custos) subiu 63 pontos percentuais menos. Assim, embora uma inflação considerável, ela é da ordem da variação do IGP-M.


Outras capitais também sofreram variações grandes de preço. A tabela abaixo mostra o comportamento em todas as capitais brasileiras. Analisando os dados, vê-se que os números são altos. A média de variação acumulada (1994-2012) é 583%. Porto Alegre teve 670%. Brasília foi a única capital em que a variação foi inferior à inflação.


Muitos ativistas tendem a culpar o governo como qual não concorda. Eu mesmo pensei que o governo Fortunati, com péssima fama no que tange qualquer modal que não seja carro, teria permitido aumentos maiores (com ou sem razão econômica associada). Isto, entretanto, não  procede. A tabela abaixo mostra as variações por gestão. Além da variação acumulada no período, é apresentado a posição relativa da capital no período. Salvo a gestão Fogaça, as gestões Pont, Verle e Fortunati possuem desempenhos semelhantes.



Rentabilidade

Em seu diagnóstico a EPTC aponta como principal culpado a rentabilidade do sistema, representada pelo indicador IPK. Conforme já discutido, este índice aponta quantos passageiros são transportados por quilômetro. 

O IPK, em sua forma direta, mostra a eficiência do sistema de transporte. Quanto maior o seu valor, mais pessoas estamos conseguindo transportar. Como falamos de passageiros por quilômetro, uma justa comparação é com o conceito físico de densidade.

O estudo de impacto ambiental do Metrô de SP (para implantação da linha branca) fornece um paralelo inter modal interessante. Segundo este estudo (página 4), o IPK típico para os seguintes modais, segundo seu estudo,  é:
  • Metrô: 8,517;
  • Ônibus: 1,738;
  • Carro: 0,155.

Em outras palavras, seguindo as médias do estudo, um ônibus precisaria percorrer 5 km para equivaler a 1 km do metrô. Por sua vez, um carro precisa rodar 11 km para transportar o mesmo número de pessoas transportadas em 1 km de ônibus. Apenas deixando claro, não se fala aqui da capacidade do sistema, mas de sua eficiência. este parâmetro está intimamente ligado com o perfil de uso (neste caso, perfil de usuários de São Paulo).

Apesar de estar em queda, o IPK de Porto Alegre ainda é bastante elevado. Valores nacionais giram em torno de 1,6 (média das cidades de Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). Como acabamos de ver, o valor previsto para São Pualo era de 1,738. No caso de São Paulo, entretanto, é importante observar que há um sistema estabelecido de metrô e que sua existência reduz naturalmente o IPK do sistema de ônibus, o que, neste caso, é desejável.

Mas por que o IPK tem baixado? 

Há muitas razões para isto! Lembrando que o IPK é expresso pela quantidade de passageiros do sistema divido pela quantidade de quilômetros rodados, temos que cada passageiro perdido ou quilômetro adicionado onera o sistema. Assim, vários fatores impactam o IPK, como, por exemplo:
  • Aumento do uso do modal carro;
  • Aumento do uso do modal bicicleta;
  • Espalhamento (e correspondente redução da densidade) das cidades;
  • Aumento da oferta do serviço, passando a operar linhas menos eficiente;
  • Aumento da cobertura do serviço, atendendo áreas menos densas.
Segundo algumas fontes, o IPK do sistema de bondes de São Paulo era de 9,7 em 1956, caindo para 5,98 em 1961. O sistema de ônibus tinha IPK 7 em 1953, caindo para 3,55 em 1961. Este foi um fenômeno muito comum com a introdução do automóvel e o consequente espalhamento das cidades modernas.

A redução do IPK de Porto Alegre, na última década, parece mais relacionada com a perda de de usuários com que o aumento da rodagem. O percurso total acrescido desde 2004 foi de apenas 3%. A perda de passageiros também foi de cerca de 3% no período, mas, matematicamente falando, este peso teve impacto maior na eficiência do sistema. O gráfico abaixo ilustra este fenômeno.


O gráfico abaixo é semelhante ao anterior, mas mostra o fenômeno para o IPK equivalente.



Para fins de rentabilidade, devemos tratar não do IPK, mas do IPK equivalente. Aqui, entretanto, não temos nenhuma novidade. A variação foi igualmente de 3% negativa, o que reforça o fenômeno já mencionado anteriormente que a perda de passageiro se dá em todas as categorias (não apenas nos isentos). Mais uma vez vale lembrar aqui: a redução do número de passageiros, mesmo em pequeno quantidade, possui um impacto tremendo na rentabilidade do sistema!

O aumento da motorização dos brasileiros, causado pela elevação do nível de renda da classe C, seguramente colaborou para a redução de parte dos passageiros. Entretanto, como apontado pela própria EPTC, o maior vilão é, por ironia, o custo da passagem. Devido ao nosso modelo de cálculo tarifário, a redução de passageiros leva a um aumento de tarifa, que por sua vez leva a uma redução do nível de passageiros, em um círculo vicioso

Embora pareça óbvio, que o preço da passagem impacta o uso do sistema, até que ponto esta influência ocorre? Podemos ter uma ideia do volume do impacto analisando os dias de passe livre. Os IPKs diários são (dados de 2011):
  • Dia Útil: 2,8969;
  • Sábados: 2,4064;
  • Domingos e Feriados: 1,8139;
  • Passe Livre: 3,2453.
Como dias de passe livre ocorrem, normalmente, em domingos e feriados, podemos dizer que a isenção de tarifa aumenta o uso do sistema em 79%. Este número seria ainda maior se ponderássemos este valor pela proporção de pagantes, supondo que os isentos continuam inalterados. Por conservadorismo, entretanto, não vou considerar este cenário. Mesmo se comprarmos com dias úteis, entretanto, vemos um aumento no uso do sistema de 12%!

A Seguir

Encerrando a primeira parte deste trabalho, vou apresentar alguns cenários de como a tarifa se comportaria frente a propostas comuns como retirada dos cobradores, subsídios, redução de impostos ou fim das isenções.

Outros Artigos da Série

Iniciando o DiálogoIntrodução ao conjunto de indicadores e vocabulário usado ela EPTC e o básico do cálculo da tarifa. 
Mais Sobre Custos: Análise detalhada de como funciona o sistema de cálculo de custo das tarifas. 
Receitas e DemandasComo está a situação da arrecadação do sistema de transporte. Como está se comportando a demanda dos passageiros. 
Me dê Números!: Como usar todos estes conceitos para simular cenários. Disponibilizo uma planilha que permite calcular o valor da passagem simplesmente informando parâmetros para diversos cenários. 
Uma Proposta Para o transporte PúblicoUma proposta para reduzir o valor das passagens e melhorar a qualidade do serviço.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Coronelismo


Uau, esta é típica do coronelismo!!!

A APT está cogitando, nas palavras de seu presidente, "uma ação indenizatória", além de um boicote aos impostos municipais. Isto segundo matéria da Zero Hora.

Agora ficam algumas perguntas:

  1. Como é que eles querem pedir indenização por uma decisão tomada pelo judiciário? 
  2. A indenização será cobrada de quem? Do juiz?
  3. Como assim boicotar impostos municipais? Isto não é boicote, é sonegação!

Fora a questão moral e legal, a ATP está cometendo um enorme erro político! Tivemos diversas manifestações durante os últimos dias, muitas delas até com violência. Isto mostra um sentimento de indignação muito grande da população. Com a suspensão do aumento, o movimento poderia se esvanecer, pois se torna menos relevante.

Entretanto, com as declarações da ATP, a indignação reascende e o movimento tende a não perder força. Pior, dado que a prefeitura recuou, pode ser a ATP o próximo alvo dos protestos. E e a associação mantiver este tom na sua comunicação, os ânimos podem ficar ainda mais violentos!

Update: Vejam a matéria do Correio do Povo. A ATP perdeu completamente a noção. Aí já é para rir!

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Aumento de Passagem Suspenso


Estou bastante impressionado!A justiça acaba de publicar uma liminar revertendo o aumento das passagens de ônibus! Não esperava por esta. Excelente notícia!

Mas vamos lá, alguns comentários:
1. A medida é cautelar e a Prefeitura aparentemente não irá recorrer. Entretanto, pelo meu parco entendimento, isso significa que não recorrerão à liminar, mas a decisão ainda requer um julgamento em definitivo. Algum advogado aí pode confirmar se entendi certo?
2. Interessante notar que falaram dos ganhos de publicidade. Coincidentemente abordei eles no meu último post sobre receitas e demandas do sistema;
3. Não entendi a menção à frota reserva, pois, pelo que a Prefeitura havia comentado, este erro já estava fora da nova metodologia de cálculo;
4. Muito interessante que se fale da flata de licitação no pronunciamento;
5. Grande vitória do Pedro Ruas. Finalmente fez algo de útil.

Enfim, este é um precedente interessante. Faltou no parecer, entretanto, um elemento importante: que não seja nunca aprovado um aumento de tarifa sem publicação da Planilha de Cálculo Tarifário correspondente (a planilha hoje disponível refere-se a tarifa de R$2,85). Este é um elemento fundamental para a transparência do processo!

Matérias Relacionadas:
Sul 21
Zero Hora

Transporte Público - Receitas e Demanda

Dia 28 de março um protesto violento eclodiu em Porto Alegre contra o aumento das passagens de ônibus. Ele foi precedido - e sucedido - por diversas outras manifestações pacíficas. No cerne deste movimento está um repúdio não apenas ao valor corrente das passagens, mas à situação do transporte público.
O Discutindo Porto Alegre publicará uma série de artigos sobre o problema do transporte público de Porto Alegre. A questão será abordada sob diversos pontos: jargões da área, como o custo da passagem é calculado, simulações de alternativas, a falácia do crescimento dos isentos, entre outros. A abordagem será qualitativa e quantitativa, resultado de um trabalho exaustivo de análise de dados fornecidos pela EPTC, pela Prefeitura e por outras fontes. 



Hoje - Receitas e Demanda

Como foi apresentado anteriormente, o preço da tarifa é calculado com base nos custos, mas também nas receitas. Há diversas formas possíveis de se financiar o sistema, podendo ser aplicada uma o várias delas em conjunto. Algumas das possibilidades de financiamento são:


  • Publicidade: Usado nos nossos ônibus, através de propagandas ficas na parte traseira e via Bus TV;
  • Tarifa de Uso: A forma mais direta de financiamento, consiste em cobrar diretamente do usuário. Há varias possibilidades:
    • Bilhete: A forma mais conhecida e usada, consiste em cobrar o usuário pelo trajeto. é a metodologia empregada em Porto Alegre;
    • Passe: Consiste em cobrar pelo uso indiscriminado em um determinado período, por exemplo, o usuário pagaria uma taxa mensal e poderia usar o serviço tanto quanto desejasse;
    • Misto: O usuário possui um passe com o direito de usar até um determinado número de bilhetes. Após isto, paga um valor especial pelos bilhetes adicionais (similar a como funcionam a maior parte dos planos de dados de Internet);
  • Venda de Serviços: Disponibilizar algum serviço adicional durante a viagem que será cobrado. empresas aéreas como a Webjet aplicam fortemente este modelo. No caso de empresas de ônibus, um serviço possível seria conexão wi-fi;
  • Subsídios: Um agente interessado, público ou privado, financia parte ou todo os custos. O financiamento público é empregado para subsidiar, por exemplo, a passagem do Trensurb. Agentes privados podem ter interesse em comprar bilhetes antecipados e oferecer para clientes de graça ou como programa de fidelidade. Por exemplo, assim como o Zaffari financia o estacionamento para quem compra mais de R$35.00 em seus supermercados, poderia entregar duas passagens de ônibus, como alternativa.
  • Imposto Global: Imposto aplicado sobre os usuário ou de forma indiscriminada para todos os habitantes, quer eles sejam ou não usuários. 

Em Porto Alegre, as empresas de ônibus fazem uso de bilhetes e publicidade como forma de financiamento. É importante notar, entretanto, que apenas o bilhete, ou passagem, é reconhecido como fonte de receita para fins do cálculo da tarifa. Isto significa que toda a publicidade é um ganho extra das empresas, não aferido pela Prefeitura ou EPTC. 

Chama a atenção, entretanto, que outras formas de financiamento não são exploradas (ou levadas em consideração) para viabilizar o sistema. Assim, como estamos interessados em avaliar o sistema atual, me deterei apenas nas passagens. Mais especificamente, como temos um preço fixo, analisarei o componente demanda, que é linearmente equivalente ao da receita.

Grupos de Usuários

A EPTC utiliza, em suas diversas análises, dois tipos de agrupamento de usuários: (i) por modalidade de pagamento e (ii) por nível de financiamento. Quanto ao primeiro tipo, temos as seguintes categorias:

  1. Comum: [Integral] Pagou em dinheiro junto ao cobrador;
  2. Vale Transporte: [Integral] Pagou via cartão carregado por vale transporte;
  3. Passagem Antecipada: [Integral] Pagou via cartão carregado antecipadamente;
  4. Escolar: [50%] Pagou via cartão carregado com passagem escolar;
  5. Integração Bilhetagem Eletrônica: [Isento] Trecho gratuito liberado via cartão, dado como bônus por comutação;
  6. Integração Trem-Ônibus-Trem: [90%] Pagou a passagem via cartão usado no trajeto anterior no sistema Trensurb;
  7. Passe Livre: [Isento] Teve sua passagem liberada no dia de passe livre;
  8. Isento: [Isento] Trecho gratuito liberado via cartão para certos grupos de usuários, como idosos.

Quanto ao segundo tipo de agrupamento, temos as seguintes categorias (conforme definido pela Prefeitura):

  1. Integral: Soma de todos os usuários que pagam a passagem (categorias Comum, Vale Transporte e Passagem Antecipada;
  2. Desconto: Considera aqui o conceito de passageiros equivalentes. Assim, a quantidade da categoria "Escolar" é multiplicada por 0,5, enquanto a categoria "Integração Trem-Ônibus-Trem" é multiplicada por 0,9;
  3. Isento: Aqui são contabilizados todos os passageiros não pagantes (categorias Integração Bilhetagem Eletrônica, Passe Livre e Isento) mais a proporção não paga da categoria "desconto" (0,5 da categoria "Escolar" e 0,1 da categoria "Integração Trem-Ônibus-Trem").


Esta forma de contabilização, na minha opinião, é errada e possui ampla má fé! O cálculo, na verdade, indica a quantidade de passageiros (no conceito já explicado em artigos anteriores) que não pagam a passagem, versus os que pagam integralmente a passagem. Assim, a categoria "desconto" não poderia existir, pois, conforme contabilizado, o desconto já foi incluído na categoria "Isento". 

Além disto, o uso do termo técnico passageiro em comunicações ao público é errado, pois esta palavra possui um outro significado plenamente estabelecido. Com este artifício, a Prefeitura dissemina a ideia errada que 30% dos usuários do sistema coletivo não pagam nada, quando isto é totalmente falso! 

Evolução da Demanda

Os dados da EPTC apresentam um cenário muito ruim para o transporte coletivo de Porto Alegre. O número de usuários do sistema tem baixado ano a ano. A tabela abaixo mostra a evolução dos anos 2005 a 2011 (Este intervalo foi usado, pois a maior parte das comunicações da EPTC usam este intervalo. É possível que seja devido a mudança de administração.).


A tabela abaixo mostra o mesmo período, mas levando-se em consideração agora os passageiros equivalentes.


A tabela abaixo mostra uma consolidação das informações, comparando os dados de 2005 com 2011.



Note que, ao contrário do que EPTC, ATP e Prefeitura afirmam, o número de estudantes e isentos não tem aumentado, mas sim diminuído! Isto ocorre também com o total de usuários pagantes. A única categoria que cresce é a "Integração Bilhetagem Eletrônica", provavelmente canibalizando a categoria "Escolar". Estranhamente ela não parece ter efeito sobre os pagantes integrais, pois a única que tem apresentado queda após 2009 é a "Comum", que não possui o benefício da segunda passagem.

Os dados são distorcidos - e como tal devem ser analisados com cuidado - pelos seguintes eventos:
  • Até 2008 poucos isentos eram contabilizados, pois não passavam a catraca. Agora, com o cartão de isenção e liberação da catraca, o número passa a ser contabilizado;
  • O início do sistema TRI, em abril de 2008, impactou fortemente a venda de passe antecipado e criou a categoria "Integração Bilhetagem Eletrônica";
  • O número de linhas que permitem integração com trem foi expandido, justificando, ao menos em parte, o aumento da categoria;
  • Até metade de 2011 a categoria "Integração Bilhetagem Eletrônica" pagava 50% da passagem, passando, posteriormente, a ser isenta. Não tenho dados de 2012, mas é possível que esta categoria tenha aumentado ainda mais, a expensa das de pagamento integral.
Isenções e Descontos

Como mostrei, o número de isentos e passageiros com desconto não tem aumentado, salvo a isenção por segundo bilhete (o que é um aumento da eficiência do sistema, não necessariamente uma perda de arrecadação). Assim, é estranho afirmar que estes usuários estão onerando o sistema.

Mais pessoas usando o serviço possuem sim um impacto no custo, mas não é grande, mas, por outro lado, é de difícil mensuração. Assim, para fins desta analise, me permitirei considerá-los negligíveis. Nesta linha, o crescimento dos isentos só é um problema na medida que seja a expensa de pagantes integrais. Como não ocorreu nenhuma transformação (salvo o segundo bilhete gratuito, que excluo da discussão, pois não vejo contestações a ele) que transforme pagantes em não pagantes, a teoria não faz sentido de qualquer forma. 

Ainda assim, podemos considerar que seria benéfica a entrada dos isentos na arrecadação. Entretanto, é importante atentarmos para a falácia da conversão total. Só podemos contabilizar nas receitas os passageiros isentos que continuarem existindo se passarem a ser pagos. Esta taxa de conversão não é de 100%, pois, passando a ser pago, as pessoas deixam de usar o sistema por diversas razões (deixam realizar a viagem, alteram o modal, ...).

O caso do passe livre segue lógica semelhante, mas é possível que sofra menos por um fenômeno peculiar. Muitas pessoas não gostam de usar o sistema neste dia, pois julgam (não sei se corretamente) que a segurança é menor e os ônibus mais lotados. De toda a forma, os números desta categoria são muito pequenos, logo, possuem pouco impacto sobre o sistema.

O caso da categoria "Escolar" é ainda mais complexo. Aqui também temos a taxa de conversão, mas temos também a arrecadação inerente da categoria. Assim, mantendo a premissa de não alteração dos custos, podemos piorar o sistema se a taxa de conversão for baixa. O ponto de equilíbrio é 50% de conversão.  Se 50% dos estudantes mudarem o modal ou deixarem de realizar a viagem, o sistema continuará com a mesma arrecadação de hoje. Taxas de conversão maiores implicam em melhora na arrecadação. Taxas de conversão menores implicam em queda na arrecadação.

A Seguir

No próximo artigo, analisarei o histórico do custo das passagens em Porto Alegre e outras capitais. Além disso, como outros modais tem se comportado. A Prefeitura culpa a redução do IPK Equivalente como causa do aumento das passagens. Isto está correto? Qual o IPK de outros modais (e será podemos fazer esta comparação?). O que está agregando ineficiência ao sistema.

Outros Artigos da Série

Iniciando o DiálogoIntrodução ao conjunto de indicadores e vocabulário usado ela EPTC e o básico do cálculo da tarifa. 
Mais Sobre Custos: Análise detalhada de como funciona o sistema de cálculo de custo das tarifas. 
Por que as Passagens Sobem?Análise dos motivos por trás do aumento das passagens e comparação com outras cidades. 
Me dê Números!: Como usar todos estes conceitos para simular cenários. Disponibilizo uma planilha que permite calcular o valor da passagem simplesmente informando parâmetros para diversos cenários.
Uma Proposta Para o transporte PúblicoUma proposta para reduzir o valor das passagens e melhorar a qualidade do serviço.


quarta-feira, 3 de abril de 2013

Mau Uso de Cartões TRI

Tem algumas coisas que eu não consigo aceitar no Brasil!

Vejamos a matéria EPTC retirou 211 cartões por mau uso em ônibus, publicada no site da Prefeitura de Porto Alegre. Nossa, 211 cartões, alguns usados 300 vezes em um mês! Em um universo de 320 milhões de bilhetes ano, estes números são uma gota no oceano.

Não me entenda errado, fiscalização é fundamental! O problema é o que se faz depois! A matéria não fala nada sobre o que aconteceu com quem foi pego. E o termo não é "mau uso do cartão", mas "fraude". Isto é crime, poxa! Se nem uma punição básica houver, em dois dias o sujeito estará com outro cartão fraudando o sistema. Não precisa meter o sujeito na cadeia, mas no mínimo uma multa gorda é necessária!

Outra coisa chata é o jogo de palavras da prefeitura na matéria. Este termo técnico passageiros é para matar! Me lembra aquela história do Monóxido de dihidrogênio. Algumas palavras possuem um significado leigo bastante estabelecido. Usar termos técnicos homônimos, mas com significados distintos na comunicação ao público é fraude também!

Para esclarecer:
Passageiro: 1 adj. não permanente; efêmero. 2 s.m. quem é transportado em um veículo.
2 Passageiro: s.m. <uso técnico> Unidade de uso do sistema de transporte. Equivale a um trajeto realizado no modal por um usuário, seja o trajeto pago ou não.

Sem este contexto, dizer que a cada 100 passageiro 33 não pagam a passagem é totalmente errado. Mais que isto, há uma maracutaia contábil aí! Nestes 33 estão contabilizados isentos, segunda passagem, 50% do tráfego de estudantes e 10% do tráfego integração com o metrô. este cálculo é feito sobre uma deturpação do conceito de passageiro equivalente, conforme explicado aqui.

Enfim, o nível da discussão continua muito baixo!

Bloqueio de Trânsito

Fonte: Prefeitura de Proto Alegre


Em virtude de obras e eventos, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) autorizou os seguintes bloqueios de trânsito, com trabalhos realizados entre 9h e 17h:

 
- Av. Érico Verissimo (entre a rua Afonso Pena e a rua Damasso): 1/2 pista, até o dia 17 de abril, sexta-feira.
- Av. Sertório (entre a rua Sérgio Jungblut e a rua Ouro Preto): 1/2 pista, até o dia 15 de abril, quarta-feira.
- Av. Otto Niemeyer (entre a Trv. Escobar e a rua Mal. Hermes): 1/2 pista, até o dia 15 de abril, quarta-feira.
- Rua Santana (entre a av. Princesa Isabel e a rua Domingos Crescêncio): 1/3 da pista, até o dia 05 de abril, sexta-feira.
- Av. Princesa Isabel (entre a rua Gomes Jardim e a rua Santana): 1/3 da pista, até o dia 05 de abril, sexta-feira.
- Av. Juca Batista (entre a av. Edgar Pires de Castro e a rua Cirino Prunes): 1/3 da pista, até o dia 15 de abril, segunda-feira.
 - Av. Osvaldo Aranha (entre a rua João Telles e a av. Paulo Gama): 1/3 da pista, de 01 de abril,segunda-feira, até o dia 01 de julho, segunda-feira.
- Av. Assis Brasil (entre a rua Senhor do Bom Fim e a av. Major Dionísio Dorneles): 1/3 da pista, até o dia 11 de abril, quinta-feira.
 -  Av. João Oliveira Remião (entre a rua Ocupação e a rua Vinte e Sete de Dezembro): 1/2 pista, no sentido bairro-centro e centro-bairro, até o dia 12 de abril, sexta-feira.
- Av. João Wallig (esquina com a rua Paulo Setubal): 1/2 pista, até o dia 10 de abril, quarta-feira.
- Av. Juca Batista (entre a av. Edgar Pires de Castro, e a rua Cirino Prunes): 1/3 da pista, até o dia 09 de abril, terça-feira.
- Av. Bento Gonçalves (no cruzamento com a rua Teixeira de Freitas): 1/2 pista, no sentido bairro/centro,  até o dia 19 de abril, sexta-feira.
- Av. Juca Batista (entre a estrada Cristiano Kraemer e a estrada Eduardo Prado): 1/3 da pista, até o dia 14 de abril, domingo.
- Av. Salvador França (entre a av. Ipiranga e a rua Valparaíso): 1/3 da pistam, até o dia 12 de junho, quarta-feira.
- Av. Júlio de Castilhos (entre a rua Cel. Vicente e a rua da Conceição): 1/3 da pista, até o dia 8 de junho, sábado.
- Av. A. J. Renner (próximo à rua José Pedro Boésio): 1/3 da pista, dia 11 de março, segunda-feira.
- Av. Ipiranga (entre a av. Edvaldo Pereira Paiva e a av. Antônio de Carvalho): 1/3 da pista, até o dia 31 de dezembro, terça-feira.
- Av. Ipiranga (esquina com a av. Edvaldo Pereira Paiva): 1/3 da pista, até o dia 3 de abril, quarta-feira.
- Av. Bento Gonçalves (entre a rua Vicente da Fontoura e a av. João Pessoa): 1/3 da pista, até o dia 20 de maio, segunda-feira.
- Av. Protásio Alves (entre a av. Saturnino de Brito e a rua Teixeira Mendes): 1/3 da pista, até o dia 7 de abril, domingo.
- Av. Castelo Branco (junto à rodoviária): 1/3 da pista, até o dia 8 de maio, quarta-feira.  

Outras informações podem ser obtidas no Fala Porto Alegre - Fone 156.  

/bloqueiodetransito

Texto de: Thalles Campos, estagiário EPTC, com supervisão de Lucas Barroso
Edição de: Manuel Petrik
Autorizada a reprodução dos textos, desde que a fonte seja citada.

Recanto Oriental

Boas notícias!

O Recanto Oriental da Redenção, interditado para obras há meses, será entregue à população no próximo domingo. O trabalho de restauração foi feito pela empresa Arquium e custou R$ 354.919,54.
A reforma consistiu em:

  • Limpeza e restauração  da cobertura e da estátua do buda;
  • Recuperação da borda do lago;
  • Limpeza geral; 
  • Recuperação dos passeios e gramado.
Vou tentar ir no domingo lá para tirar umas fotos.