sexta-feira, 26 de abril de 2013

PAC 2 - Prefeitura Quer Duplicar a Vicente de Monteggia



A prefeitura de Porto Alegre submeteu, semana passada, um conjunto de obras ao PAC 2. Trata-se ada intervenção em cinco grandes avenidas da cidade, três delas na zona sul e duas na zona norte.

Naturalmente, o texto oficial é bastante pobre e dá poucos detalhes sobre as obras. Procurei, então, me aprofundar buscando informações externas. É importante ressaltar, entretanto, que, como o projeto ainda não foi aprovado, há muito poucos detalhes disponíveis.

Estou, ainda, inaugurando uma nova forma de sumarização para as  matérias de avaliação de obras. PAC 2 A ideia é garantir uma visualização rápida da obra de forma simplificada. Não esqueça de deixar sua opinião sobre este novo sumário na seção de comentários!

Detalhes da Obra

Hoje analisarei o projeto de duplicação da avenida Vicente Monteggia. Esta é uma avenida localizada na região Centro Sul da cidade, correndo paralela à avenida Cavalhada. Ela define o limite entre os bairros Cavalhada e Nonoai, além de servir o bairro Vila Nova. Os bairros possuem, segundo senso de 2010, 70 mil habitantes.

Localização da avenida Vicente de Monteggia.

Hoje, a avenida possui uma infra-estrutura bastante precária: uma pista de rolagem para cada sentido, ausência de calçadas, ausência de outros elementos urbanos. Claramente foi construída quando os bairros eram zonas praticamente rurais, não tendo sido posteriormente atualizada.

Visão do início da avenida, junto à Campos Velho (Google Street View).

Visão da região central da avenida (Google Street View).

Visão do fim da avenida , junto à Rodrigues da Fonseca (Google Street View).

Segundo a prefeitura, a obra prevê "pistas especificas para circulação de veículos particulares, coletivos e ciclovia, além de oferecer passeios públicos atendendo à acessibilidade universal." O texto deixa a entender, embora não deixe claro, que haverá pista exclusiva para ônibus. Achei um material antigo da prefeitura que não cita este ponto.

Avaliação da Obra

A obra serve um bairro de média densidade (cavalhada) e dois bairros de baixa densidade (Nonoai e Vila Nova). Ainda assim, esta é a segunda mais importante via destes bairros. Dada sua urbanização precária, realizar uma ação aqui é amplamente necessário.

Analisando as fotos, entretanto, nota-se que o temos espaço, no máximo, para a criação de duas pistas de rolagem em cada sentido. Para mais que isso, seria necessário um amplo programa de desapropriação e reassentamento. Investir nisto me parece exagerado.

Esta característica, somada ao perfil de ações da prefeitura, leva a considerar pouco provável dois pontos do que foi afirmado no press release da semana passada: pistas específicas para ônibus e ciclovias. Simplesmente não há espaço para tudo isto!

Trânsito

A duplicação desta avenida tende a criar um fenômeno de demanda induzida, aumentando o tráfego na região. Além disso, parte do tráfego da avenida Cavalhada que se direciona para os bairros Restinga e Hípica (71 mil habitantes) deve ser direcionado para anova via. Assim, a fluidez do trânsito não deve ser alterada.

A quantidade de ônibus trafegando na via (30 ônibus hora no horário de pico), não justifica um corredor. Entretanto, a demanda induzida pode prejudicar o transporte coletivo. É importante, então, haver alguma forma de segregação.

O projeto prevê ainda uma ciclovia, o que é algo complexo dado o espaço reduzido disponível. Uma alternativa seria manter apenas uma das faixas para carros particulares (como é hoje). a pista extra seria exclusiva para ônibus, lotações, motos e bicicletas. 

Moradores Locais

A prioridade da obra - e para concordar com isto basta olhar as fotos do local - deve ser a urbanização da via. Isto implica, primeiramente, na qualificação do espaço para os pedestres e moradores locais. O limite de velocidade não poderia exceder 40 km/h, sob pena de redução da segurança. Outras medidas de traffic calming devem ser estudadas.

O aumento do tráfego em todos os modais, associado com uma melhoria da qualidade associada com a urbanização, poderia permitir um florescimento do comércio local. Assim, é importante calçadas largas e bem pavimentadas. é importante não esquecer da iluminação pública! Além disso, um incentivo a qualificação do comércio deve ser realizado.

Riscos

O principal risco desta obra é transformar a avenida em uma rodovia, alienando os moradores locais em detrimento das pessoas que estão simplesmente transitando por ali. Isto será feito se não forem instaladas calçadas apropriadas e se permitirem um limite de velocidade de 60 km/h.

No que tange a ciclovia, o maior risco não é a sua exclusão do projeto, mas sim a criação de uma via sobre a calçada - o que já aconteceu na RestingaIsto não pode ser aceitável, pois prejudica o pedestre e o pedestre deve ser sempre a nossa prioridade

Conclusão

Esta obra é necessária, principalmente devido a precária urbanização da região. Entretanto, é importante priorizar uma intervenção que permita a região crescer e qualificar sua qualidade de vida. Uma simples duplicação a tornaria simplesmente um corredor de passagem para zonas mais populosas, como outras partes do bairro Vila Nova e a Restinga.

Esta preocupação é ainda mais pertinente, dado que o prolongamento da terceira perimetral até a Juca Batista parece engavetado. Esta sim deveria ser a via arterial da região!

A grande dúvida é, devemos investir aqui antes de investir na avenida Cavalhada? Qual é a tua opinião?

Nenhum comentário:

Postar um comentário