quarta-feira, 17 de abril de 2013

Prejuízo na Carris

Eu estou tentando fazer um esforço para diversificar os assunto s do blog. Ao mesmo tempo, tenho tentando fazer um esforço para ser propositivo e não um mero crítico do trabalho da prefeitura. O problema é que esta cada dia mais difícil fazer isso!

A nova notícia, entregue pelo presidente da Carris, Vidal Pedro Dias Abreu, é de fazer chorar: a empresa está operando no prejuízo nos últimos dois anos. Aparentemente esta informação foi divulgada com o objetivo de justificar o aumento das passagens de ônibus.

O problema é que dois anos de prejuízo na Carris não são justificativa para aumentar a passagem - são justificativa para demitir sumariamente toda a cúpula da empresa! A carris opera as linha mais rentáveis da cidade, possui o menor número de linhas (o que simplifica a gestão) e é uma marca conhecida. Nada justifica o prejuízo.

Ainda assim, tentam justificá-lo. E quais são os argumentos?

  1. A segunda passagem tem dado prejuízo: Honestamente, este argumento é uma ofensa a minha inteligência. Expliquei aqui como o preço da passagem é definido. Quem leu o artigo sabe muito bem que o preço é definido com base na demanda e custos, logo, a eventual queda no número de usuários foi compensada por um aumento no valor da tarifa lá em 2011! Justificar prejuízo baseado nisto é nos chamar de idiotas!
  2. Ônibus mais caros: Até pode ser, mas isto impacta apenas 10% do preço da passagem;
  3. Maior custo na compra superior: Custo maior na compra de peças, por necessitar de licitação. Difícil de estimar aqui, mas se a diferença é tão significativa temos um problema muito sério onerando o sistema. Contudo, para acreditar nesta afirmação (com a qual não me sinto confortável), gostaria de número.
Segundo o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Capellari, a Carris possui um custo operacional 11% superior as empresas privadas. Isto é muito sério e não pode estar relacionado apenas ao custo de insumos. Tão pouco são os 31 CCs a causa do prejuízo, como os funcionários argumentam. Mesmo com salários milionários, 31 pessoas não quebrariam a empresa (embora possam ajudar bastante).

A reclamação dos funcionários dá outras pistas: prédios (plural) inacabados, bem com a creche para os filhos dos funcionários. Os custos com salários de funcionários já preveem cerca de 50% do custo operacional. O que mais a empresa oferece de benefícios? É fácil prever que qualquer benefício adicional concedido pode onerar em muito a empresa. Pode ser que eles sejam justos, mas é importante abrir esta caixa, pois eles podem ser igualmente exagerados.

O organograma da empresa oferece outra pista. Este número de caixinhas me assusta e me faz apostar em uma estrutura burocrática e ineficiente. 

A causa, no fundo, deve ser uma soma de todos estes fatores (menos, claro, a segunda passagem!). O fato é que não temos uma empresa de transporte público pública para bonito! Assim, ou ela se torna mais eficiente com um choque de gestão, ou que seja privatizada. Cada alternativa engloba um viés ideológico diferente. De minha parte, tanto faz, desde que não fique do jeito que está.

Mais um problema para ser resolvido pelo prefeito com urgência. E a lista não parece dar sinais de diminuir, mas de crescer!

6 comentários:

  1. Maior IPK equivalente (24% maior que a Unibus, segunda colocada).
    Vide página 27 da revista Transporte em Números (agora disponível na seção "Referências Comuns" do blog).

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  2. Não entendo por que a premissa de que empresa pública não pode dar prejuízo. A sua função social é melhorar a vida da população, no caso melhorando o transporte. Mesmo quem nunca pegou um ônibus na vida se beneficia com menos carros na via, então é justo que uma parte do dinheiro para a Carris venha de impostos. Concordo que devemos questionar se as pessoas que estão lá estão fazendo um bom trabalho, mas privatização provavelmente vai deixar a Carris mais parecida com as outras empresas que se apresentam hoje, e "choque de gestão" é fácil de falar, mas a não ser que me expliquei no que consiste um choque de gestão na Carris acho difícil imaginar que vá resolver alguma coisa...

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    1. Sim, menos carros na via é benéfico, mas isso não precisa ser obtido com uma empresa pública. O que tem que ter subsídio é o serviço, não a empresa. Se ela está custando mais caro que as empresas privadas, estamos pagando duas vezes: uma nas passagens caríssimas e outra nos impostos.

      Choque de gestão envolve muitas ações. Sem saber o orçamento da empresa é difícil saber por onde começar, mas no próprio texto já sinalizei onde podem estar os problemas. Ela tem um orçamento e tem que cumpri-lo.

      Mas, voltando ao ponto, o que nos interessa é um serviço de qualidade e com preço baixo. A qualidade da Carris baixou consideravelmente nos últimos anos (podes até achar melhor que de outras empresas ainda, mas do jeito que vai não dura muito) e começou a dar prejuízo. Se o dinheiro usado na Carris fosse aplicado no sistema como subsídio, teríamos a passagem 10 centavos mais barata (vide minha planilha de simulação, disponível na seção "Referências Comuns" do blog).

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  3. Sim, finalmente o Capellari disse algo que preste.

    Eu ouvi falar sobre isto também, mas para caso de autarquias, não para empresas com orçamento próprio. E , na verdade, o principal impacto era impedir de comprar em promoções ou em determinados revendedores, não em grandes compras.

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  4. A Carris não é a empresa com menor número de linhas, não sei de onde tiraste esse absurdo, é só ir pesquisar e me responder depois: Que outra empresa tem quase 400 ônibus na garagem sozinha? Se comparar aos consórcios, sim ela tem menor parte, mas os consórcios são formados por várias empresas e a Carris é única.

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    1. Tens razão, anônimo, mas não estava fazendo uma comparação entre empresas, mas entre "consórcios" - por "consórcios" me refiro a distribuição das linhas por regiões. Se considerarmos por empresa, ela deve ser a segunda maior, perdendo para a Trevo, mas não tenho certeza desta ordem.

      Acho justo a comparação entre consórcios ao invés de empresas, pois estes foram formados justamente para buscar uma redução de custos por meio de compras coletivas e administração parcialmente centralizada. Teu aparte, entretanto, é legítimo.

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